Quando decidimos que esta semana seria passada nos avós, foi neles que pensámos. Durante o dia estou sozinha com eles. São dias bons e cansativos. Estou esgotada, mas espero que eles estejam carregados de lembranças.
Chego ao final do dia com dores no corpo todo. Marcas que me recordam do que vivemos. São os saltos dele em cima de mim, os abraços, as brincadeiras. Só mais uma vez. Sempre só mais uma. Os meus braços pegam neles quase inimterruptamente. Não faço pausas. Estou cansada, mas raramente lhes digo. São saltos na piscina. A cara deles quando os elevo no ar. Os risos. O colo dela que nunca termina. A sede dela de mim, horas e horas por dia. Estar sozinha com eles é ser disputada o tempo todo. Às vezes, penso como vou conseguir levar a mochila dele, mas descubro que afinal ainda consigo pegar ao colo e dar a mão. Sou eu. Sou a mãe. Sou enorme. Em mim cabem os dois sempre. E cabem todas as brincadeiras, os pedidos, as birras, os choros, os risos, as súplicas, as ideias, as piadas, os sonhos. Sou alimento e uma mão estendida enquanto ambos adormecem. Não penso em mim. Não tenho tempo. Os nossos dias não têm tido silêncio, nunca. São conversas, perguntas, algumas lamentações também. Eu ouço, respondo, consolo, explico, peço. São férias para eles. São dias bons, longos, tão longos. Deito-me cansada, mas antes do sono me levar já alguém me chamou. Sinto que não durmo, mas depois pouco importa. Amanhã há mais. Mais tudo, mais piscina, mais calor, mais felicidade…mais um salto no ar, mais uma vez, só mais uma vez.
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