Laurinha nasceste ontem e já tens 3 meses. Hoje é o nosso segundo parto. Hoje nasce mais uma parte de ti. Nasceste no dia 27 de outubro e vieste terminar a gestação no meu colo. Já antes de estar grávida novamente sabia o queria fazer caso a vida, o meu filho, o meu bem estar me permitissem. Foste sempre tu Laura, vieste dar-me vida, mostrar-me um lado maravilhoso da maternidade. Depois de uma gravidez onde me reconciliei com o meu corpo, onde tive a segunda oportunidade da vida para aproveitar essas 40 semanas maravilhosas, depois do parto que tanto sonhei e que nos permitiste viver, ainda vieram os 3 meses seguintes em que pude fazer exatamente o que imaginei.
Acredito muito no conceito de exterogestação. Vários estudos defendem que os bebés nascem cedo demais, que precisariam de mais 3 meses de gestação. Sabia que desta vez iria garantir que os primeiros 3 meses de vida da Laura seriam o mais parecidos possível com a gestação no útero. Poucas visitas, poucos colos além dos pais, poucas saídas. Muito colo em casa, muito Babywearing, muitas horas a mamar, muito contato pele com pele, muitas noites no nosso colo. Sempre que tivemos que sair, normalmente para ir brincar com o mano ou levá-lo a creche, foste protegida no pano, resguardada, segura.
A fase de pós-parto do Gui foi penosa. No início, as dores do parto, as dores que teimavam em não passar e que me impossibilitavam de aproveitar o meu filho. Depois os medos, as inseguranças constantes. As visitas permanentes, as críticas, as dicas vindas de todas as direcções. Uma amamentação difícil e pela qual não nutria qualquer paixão. A vontade de ver crescer o Gui a todo o custo, sempre ansiosos pela fase seguinte.
Com a Laura tudo foi simples. As dores não existiram. A amamentação fluiu e eu apaixonei-me perdidamente por esse acto de amor. Os medos e inseguranças ainda existem, vão sempre existir, mas também há mais confiança, mais certezas, mais informação. Não há solidão, temos o mano a dar-nos ainda mais vontade de viver estes momentos. Não há pressão, não estive sempre a pensar no que tenho por fazer, deixei-me levar. Não dei pela passagem destes três meses. Já tenho saudades do teu sono profundo no meu colo, da tua alienação do mundo, do teu instinto animal.
Agora começas a ver o mundo. Já queres estar sempre atenta. Já dás gargalhadas. Já segues o mano para todo o lado. Já agitas os braços e pernas no meu colo de tanta euforia. Já dormes pouco, porque queres ver tudo. É bom ver-te pegar em brinquedos, ver-te começar a descobrir o mundo à tua volta. Mas eu já sinto falta de ti ainda semi-nascida, adormecida no meu peito.
Foram três meses tão serenos. Foram três meses em te respeitámos o mais possível e te demos apenas o que mais precisavas. Colo, sossego, mama, cheiros que conheces e todo o nosso tempo.
Agora cada dia que passar vais pertencer mais ao mundo e menos só a mim. Hoje nasceste um bocadinho mais. Hoje eu tento crescer também como Mãe.
2017-01-27 at 15:53
É mesmo, mesmo isto. Eu sinto que com o Duarte não aproveitei tudo o que devia, mas num segundo filho… Num segundo filho as coisas vão ser muito mais assim. 🙂
2017-01-28 at 19:50
Que bom ❤️ foi mesmo isso que eu pensei e está a ser assim!
2017-01-30 at 21:54
Espero que com o meu 2º também seja assim. A primeira precisou de tudo isso e eu não consegui perceber logo. Mas é assim que quero que seja com o próximo: colo, mama e muita paz.