O Gui já não é filho único. Disse esta frase no dia em que soube que estava grávida, depois de sorrir e o meu coração se alegrar de imediato com a ideia, o meu primeiro pensamento recaiu sobre o Gui. E agora? O meu bebé vai deixar de ser único. Sempre sonhei ver o Gui com irmãos, adoro ter uma irmã e lembro-me de durante alguns anos ter pedido aos meus pais mais irmãos. Não há relação como a de irmãos. São os companheiros para a vida, os verdadeiros. Achei sempre que o Gui merecia ter também essa vivência única, eu e o pai decidimos há muito tempo que se pudéssemos, se a vida nos deixasse, daríamos um irmão ao Gui.
Agora o Gui já tem uma irmã. É a Laura (ou Laurindinha como ele lhe chama). A Laura cresce na minha barriga, tem 29 semanas, mexe-se imenso e adora dar pontapés. Mas o Gui ainda não a conhece. Fala nela esporadicamente, responde a perguntas dos outros sobre ter uma mana, sorri quando lhe dizemos que ela já gosta muito dele e que ele é um irmão espectacular…mas fica-se por aí.
Portanto, ainda que para nós ele já tenha esta irmã, para ele, a vida ainda é de filho único, com tudo o que de bom e mau isso implica. Por um lado, estou ansiosa por vê-los conhecerem-se, por ver o rosto dele quando a vir pela primeira vez, por vê-lo pegar-lhe, por vê-la sorrir para ele. Anseio por vê-los juntos, a dar as mãos, a serem cúmplices. Tenho curiosidade de vê-los crescer lado a lado, mesmo nas brigas e nos ciúmes.
Mas há um outro lado meu, talvez mais pequeno, mas que existe, que tem medo, que fica com um pequeno aperto no peito. E se ele não se sentir feliz? E se ele não gostar da irmã? E se tudo isto foi má ideia? E se ele ainda é demasiado pequenino para tudo isto? A nossa a vida a três é tão feliz, ele parece-nos tão bem, tão livre, tão cheio de vida e alegria…e se isso muda?
Lá no fundinho do meu coração sei que tudo correrá bem, que nos iremos ajustar, que amor só traz mais amor para uma casa. Mas até esse dia, sinto-me a absorver bem cada pedaço do Gui, cada momento a dois com ele, cada dia que passa que ainda somos só nós. Acho que ele tem esse direito. Este mês vai ser passado com ele, todos os dias, todas as horas. Só passou ainda uma semana e tem sido tão bom, tão especial.
Precisamos todos deste recarregar de forças, desta ocitocina toda, porque eu sei Laura, tu vens a caminho e eu mal posso esperar por ter os dois no meu colo.
Por enquanto, estamos de férias a 3, com este barrigão que carrega a Laurinha. Estamos a aproveitar ao máximo, a viver dias compridos, a ter um último verão apenas com ele. Para o ano há mais sacos para carregar, mais bagagem no carro, mais confusão na praia, mais gritos e mais pedidos de atenção. Para o ano estarão dois colos cheios. Para o ano há amor a duplicar. Para já, o Gui é filho único e está a ter uns dias muito felizes que espero que fiquem marcados na memória dele, ainda que memórias longínquas.
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