Hoje foi o último dia de creche do Gui. Não foi apenas o último antes das férias, mas o último de sempre naquela creche.
Tenho dormido mais agitada, andado mais ansiosa e hoje não consegui pregar olho! Dei voltas e voltas na cama, o meu coração está pequeno e apertado. Lembrei-me dos primeiros dias em que o fui levar, sentia-me assim e chorei baba e ranho a deixá-lo noutro colo, longe do meu. Tentei explicar ao Gui que seria o último dia dele, obviamente ele não entende essa dimensão, ou pelo menos nós achamos que não. A verdade é que ele hoje correu para a Sofia de uma forma louca e abraçou-a, como se soubesse que era uma das últimas vezes.
O Gui foi muito feliz ali, sei disso pelo sorriso enorme com que o deixei tantas vezes, pelos gritos a correr para elas quando chega, pelos abraços, incluindo pelas lágrimas que por vezes deitou quando o fui buscar. Felizmente, tivemos sempre a possibilidade de o deixar poucas horas por lá, acredito que isto ajude a que ele se sentisse tão bem, ainda assim, não podia estar em melhores mãos. Especialmente neste último ano, já que antes pouco há para avaliar, sei que o Gui foi um menino alegre, feliz, livre naquele lugar, junto da Dulce e da Sofia e de todas as outras auxiliares e educadoras que foram estando com ele, assim como todos os seus amiguinhos de quem ele tanto fala.
Tivemos uma sorte enorme, acredito mesmo que no nosso caso foi aquela “agulha num palheiro”, uma educadora que não podia ir mais ao encontro do que pensamos e defendemos, que tenta educar com amor, sem gritos ou castigos, com segurança e respeito pelos timings adequados. Tudo isto num espaço onde o mais importante é a brincadeira, as horas a correr na rua, os momentos bons de ser criança. Sem reuniões de avaliação, sem tabelas ou metas para atingir, sem horários rígidos para ir levar ou buscar, com comidas saudáveis, com sorrisos abertos a receberem-nos diariamente. Não será a creche com as condições mais luxuosas, não é certamente a creche para os pais que querem que os filhos frequentem desde sempre diversas actividades e aprendam números com 1 ano…mas é uma creche onde a maioria das crianças se sente bem, feliz e se liga de coração a quem cuida delas, como se fossem família.
Ainda não sei quando o Gui voltará a frequentar uma creche, se é que vai frequentar. Não consigo encontrar um espaço que substitua este. Eu vou ficar com a Laurinha em casa, por tempo indeterminado, mas seguramente nos primeiros anos dela…por isso, o destino do Gui é ainda incerto. Hoje saí de lágrimas nos olhos, saí de coração pequeno. Deixei o Gui a brincar, feliz, a rir-se, longe de imaginar que não voltará a estar naquele lugar, com aquelas pessoas que ele diz tanta vez gostar.
Elas também não vão ler isto, muito provavelmente. Mas obrigada Dulce e Sofia, por tudo <3.
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